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  02/03/2017  •  Geral  •  2338 hits  •  0 comentários ⇣

Bloqueando amigos no Facebook

Este não é um tutorial daqueles que explicam "como bloquear amigos no Facebook", "como excluir amigos no Facebook", "como detonar amigos no Facebook" ou coisa parecida. Se você começou a ler este texto em busca disso, pode acessar este site aqui, que ele lhe explica como proceder. Este, ao contrário, é um artigo cujo intuito é questionar a posição dos "amigos" bloqueadores de "amigos" nas redes sociais e, especialmente, no Facebook. 

A rede de Mark Zuckerberg surgiu logo depois do Orkut, em 2004, mas só veio a ser utilizada por nós, brasileiros, alguns anos depois. Não lembro das características iniciais do Facebook porque só fui me cadastrar quando o Orkut já estava falindo, mas quando comecei, me pareceu mais moderno que seu antecessor pois além de ter uma maneira de expor as informações de modo mais aberto, permitia também uma facilidade maior no trato com os usuários como: 
• impedir que pessoas que não fazem parte do seu círculo de amizades tenham acesso a suas postagens, 
• permitir bloquear a visibilidade de sua lista de amigos, 
• permitir bloquear os amigos indesejados, o que impede que eles possam ter, após isso, qualquer tipo de contato com seu perfil. 

Este último recurso, o de bloquear usuários, é utilizado ocasionalmente por meus "amigos" de Facebook. Eu sei porque eles mesmos dizem, em momentos oportunos, nos comentários das postagens. Curiosamente, não são pessoas conservadoras. Ao invés disso, são indivíduos com posturas esquerdistas o que sugere que tenham, normalmente, uma mente mais aberta e, em consequência, uma facilidade maior para compreender e aceitar opiniões e posturas divergentes das suas. 

As redes sociais têm uma característica interessante que é a de permitir que pessoas separadas pelo tempo ou pela distância se reencontrem e pessoas que nunca se conheceram ao vivo passem a ter algum tipo de relação. Esse é o lado bom das redes sociais. O lado complicado é que elas (as redes) só podem ser formadas por pessoas e, lidar com pessoas é bem mais complicado do que consertar o Windows (após ter xingado ele todo) apenas reiniciando o computador. Mas imagine que se a gente já é capaz de se irritar com a máquina (um ser inanimado), apenas porque ela não funcionou como a gente esperava, que dirá quando as pessoas postam coisas do nosso desagrado e que mexem com nossos brios? 

Essa, na minha opinião, é justamente a oportunidade que temos para testar a nossa maturidade e estabilidade emocional e é, precisamente, onde a gente falha. Eu também já me irritei muito e já discuti bastante por achar que as pessoas estavam tendo posturas que iam de encontro ao que eu achava justo, e por isso descarregava (até com quem eu não conhecia, mas percebi depois que isso não é uma coisa tão incomum). Em contrapartida, nunca excluí ninguém, por conseguir entender que as pessoas têm o direito de expor seus pensamentos, mesmo que não concordem com os meus. Mas nem todo mundo consegue ter esses átimos de lucidez e a conversa, às vezes, descamba para a agressividade. 

Além do mais, assim como nossos amigos "de verdade", os nossos amigos virtuais vão querer se manifestar da maneira como entendem que é correto (mesmo que às vezes sejam grosseiros) postando textos, piadinhas, vídeos e fotos. Como achamos tudo de mau gosto, bloqueamos. É bom estar ciente que, às vezes somos nós que solicitamos a amizade dos internautas, portanto seria contraditório solicitar a amizade para depois excluir e, outras vezes, são as pessoas que solicitam nossa amizade. Nesse caso, aceitamos para depois excluirmos. Esquisito, não?

Entender que opinião não é agressão é fundamental para que a gente possa manter a estabilidade das nossas amizades. Não somos donos da verdade mas usualmente achamos (como neste artigo que eu escrevo) que estamos certos e não gostamos muito quando as pessoas contrariam o nosso senso de justiça. Até este momento ainda estou falando de discussões virtuais e de postagens que aparentam grosseiras. Até aqui eu acho que não justifica um bloqueio virtual e vou retomar o raciocínio logo mais abaixo.

Mas eu sei que existem casos em que a relação virtual (da mesma forma que numa relação com contato físico) se torna muito mais do que incoveniente. Às vezes, chega a ser insuportável, como em casos de perseguição - seja passional, em que o ex-namorado persegue a ex pela rede, ou quando um (ex) amigo ataca outro constantemente, sem nenhum motivo claro, mas, possivelmente, movido por alguma razão ideológica. Nessas situações é bom se livrar daquele que, além de não ajudar a construir nada, só se preocupa em destruir. Nessas situações acho que um bloqueio é bastante justificável pois funciona como uma forma de proteção contra alguém que, deliberadamente, está tentando lhe prejudicar ou lhe causar algum tipo de constrangimento. 

Mas afora os casos extremos, acho que bloquear é apenas uma maneira demonstrar a nossa falta de capacidade de lidar com a diversidade de pensamentos, de juízos e de valores que é tão comum numa sociedade como a nossa onde as pessoas (por incrível que pareça) conseguem raciocinar por si só. Eu também já fui bloqueado por um amigo que já conhecia muito antes do Facebook e que eu já sabia que tinha uma certa dificuldade de lidar com opiniões discordantes. Com o passar do tempo, se tornou esquerdista e se transformou no "dono da verdade", sem perceber que sua postura político-partidária não permitia que enxergasse certas coisas. Eu não guardo ressentimentos pois é como se ele fosse eu há algumas décadas atrás. Mas nesse caso, o bloqueio não foi o pior. O pior é que, em virtude disso, ele, assim como as outras pessoas que costumam bloquear, vai se isolar de outras com posturas diferentes para se cercar apenas de gente que diga exatamente o que ele gostaria de ouvir (ou de ver escrito nos comentários das suas postagens) - Em situações como essas, a probabilidade é que, quando seu novo ex-amigo lhe bloqueia, ao invés de ele se livrar de você, é você quem está se livrando dele.

Em vista disso, quem bloqueia acaba parecendo ter certa dificuldade em ser social, em ser uma pessoa que é capaz de conviver com o diferente - mais ou menos como acontece nas ditaduras, em que o Estado não aceita discordâncias e impõe seu pensamento e sua vontade através do uso da força. Nesse caso, é como se o bloqueador assumisse o papel do Estado e sua demonstração de força e de intransigência fosse o poder que a rede social lhe dá de apertar um botão e se livrar de seu contraditor para sempre. Então, antes de apertar o botão, repense e presuma se o problema não pode estar em você.



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