Obrigado, Presidente!

Obrigado, Presidente, por, no começo de seu governo, ter negligenciado as queimadas na Amazônia, permitindo que o problema crescesse e ainda ter criado um mau estar internacional por ter demonstrado o quanto fez pouco caso (e ainda faz) de um problema tão delicado. 

Obrigado, Presidente, por ter chamado o Brasil de "um país de maricas" porque, segundo sua opinião, as pessoas "tinham que se portar como homens" e não tiveram coragem para enfrentar a pandemia pelo coronavírus, demonstrando o quanto são covardes. 

Obrigado, Presidente, por, novamente, ter negligenciado a pandemia e afirmar que "lamenta as mortes mas, um dia, todo mundo vai morrer". Excelente saída para resolver o problema. 

Obrigado, Presidente, pela inércia em tomar alguma medida de contenção contra a Covid-19 permitindo que a doença avançasse e colocasse o Brasil entre os três piores colocados na batalha contra a doença no planeta (ah, e permitindo que morressem mais de 200 mil pessoas até agora). 

Obrigado, Presidente, por ter colocado os piores ministros da educação, do meio ambiente e da saúde no lugar em que eles nunca deveriam ter estado. 

Obrigado, Presidente, porque, por um motivo estritamente ideológico, tirou dois ministros da saúde médicos e colocou no lugar deles um militar que faz um papel totalmente subserviente e, como você próprio, Presidente, mal sabe articular frases ligeiramente mais elaboradas. 

Obrigado, Presidente, porque, também por motivos puramente ideológicos, passou seus dois anos de governo fazendo picuinhas e acusando pessoas e instituições sem provas e, no final das contas, apesar de ter conseguido levar seus eleitores no bico, nunca conseguiu dar solução pra nada. 

Obrigado, Presidente (só para continuar o raciocínio), por ter se irritado com as ONGs, com a UNE, com Leonardo DiCaprio, com as cadeirinhas de bebê dos automóveis, com os radares de autoestrada, com as urnas eletrônicas, com as terras dos índios e com várias coisas de caráter menos relevante, ao invés de se preocupar com os problemas "macro" e que definem, de fato, os rumos do país. 

Obrigado, Presidente, por, hipocritamente, se colocar como o defensor dos empregos (para aquelas pessoas que ainda não aprenderam a 'ligar' as coisas), ter feito pouco caso das medidas de proteção à pandemia e, por isso, pessoas se contaminaram, morreram, e os governos estaduais e municipais tiveram que tomar suas próprias medidas, freando o comércio e provocando falência de empresas e desemprego entre a população - quando, se tivessem sido melhor educadas, poderiam, elas mesmas, ter ajudado a controlar a doença. Se isso fosse feito, não estaríamos na situação desastrosa que estamos hoje (graças a você, Presidente). 

Obrigado, Presidente, por nos receitar remédios - como os do Kit Covid - sem nunca ter feito um curso de medicina (e nem, ao menos, um curso de curandeirismo com qualquer charlatão desses que existem por aí) e colocar em risco a vida das pessoas e sem nunca se sentir responsável por essa atitude absurdamente irresponsável. Aliás, Presidente, que curso de faculdade o senhor fez mesmo? 

Obrigado, Presidente, por se dizer cristão, mas, ao contrário de Jesus, ser uma pessoa extremamente incompreensiva, irritadiça, desagregadora, acusatória, rancorosa, que acredita no armamento da população para se resolver os problemas sociais, que nunca foi capaz de gastar um tempo da vida fazendo um trabalho voluntário, demonstrando assim que, de cristão não tem nada (ainda que seus seguidores, inacreditavelmente, ainda acreditem nesse papo furado). 

Obrigado, Presidente, por sempre se colocar na defensiva, não procurando soluções amigáveis para os problemas do país (mesmo tendo sido eleito para isso - e não para brigar) e muito menos soluções inteligentes (mesmo porque, não parece haver muita inteligência disponível para tal). Assim, fica fácil ganhar muito bem, ter a vida financeira já resolvida, angariar aplausos dos fiéis seguidores e sempre acusar os outros de não o deixarem governar, aparentando ser sempre a vítima no processo quando, na verdade, é, em boa parte das situações, o algoz. 

Obrigado por tudo, Presidente.
Se ainda estiver de pé, nos encontraremos nas urnas em 2022. 
Até lá.

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